A Fé é uma forma de educação particular e íntima de cada grupo familiar e decisão individual de cada pessoa. O Brasil é laico, portanto, respeitar a diversidade religiosa é primordial para um convívio pacificador.
Entre as fés bastante pregadas no Brasil, tem a Doutrina Espírita, que é um movimento que se fortalece a cada dia, com novos estudos e elucidando a vida de quem apenas passa por momentos delicados ou simplesmente adota a doutrina como um caminho de luz para suas decisões e escolhas.
O espiritismo proporciona oportunidade de estudos sem extremismo e tentando esclarecer o que é deixado com interrogação sobre comportamentos alheios. Uma Fé que preconiza o livre-arbítrio para qualquer possibilidade que brota na vida. Por este motivo, o espiritismo é dividido em três pilares:
A filosofia se baseia no conhecimento por meio dos pensadores espíritas ou espiritualistas. Não é necessário seguir com rigor todas as ideias, mas é interessante conhecer, compreender e a partir daí tirar suas meditações e conclusões. Eu me identifico com essa filosofia, pois você é doutrinado por meio dos seus conhecimentos e não por algo maior que lhe é imposto. Você tem liberdade para suas decisões, inclusive para escolher sua fé.
A Religião é mais “rigorosa” na questão da ação e reação. Para seguir a Doutrina, você precisa escolher um estilo de “LAR”, frequentar, socializar e servir. Isso quer dizer, frequentar encontros, eventos, palestras, ações sociais e estar disponível para os projetos e o que a casa escolhida oferecer. Na doutrina também há outras divisões, como espírita kardecista. Existem outros segmentos, mas não cabe aqui prolongar. Cada pessoa segue a doutrina que for mais adequada a seu jeito de ser.
A ciência é um estudo comprobatório para que as pessoas que optam em seguir, seja qual for a filosofia ou doutrina, tenham consciência de que nada é charlatanismo e sim tudo apresentado com muitos estudos que comprovam a existência do que parece ser surreal. Para este, existe a mediunidade, com teor sério e de muita pesquisa.
É claro que existem os mistérios que às vezes não são explicados, mas o espiritismo deixa esclarecido que são mistérios necessários para conduzir a vida.
“[…] O espiritismo no-la mostra ocupada pelos seres de todas as posições do mundo invisível, e esses seres não são outros senão os Espíritos dos homens que atingiram diferentes graus que conduzem à perfeição; então tudo se liga, tudo se encadeia, desde o alfa até o ômega. Vós, que negais a existência dos Espíritos preenchei pois, o vazio que eles ocupam; e vós que rides deles, ousai rir das obras de Deus e de sua onipotência […]” (p.31) – Allan Kardec – O Livro dos espíritos.
Uma boa forma de conhecer, estudar e fortalecer a fé no espiritismo é ler romances espíritas. Na doutrina tem os livros científicos, doutrinários, mas, para conhecer com mais leveza e sabor, muitos mentores recomendam a leitura de romances ficcionais.
Cláudio Guilhon, natural de Belém/PA, casado e pai de duas filhas, é médico formado pela Universidade Federal do Pará, com especialização em Oftalmologia e Medicina do Trabalho, tendo estagiado na Clínica Mayo (EUA). É Capitão de Fragata da reserva da Marinha do Brasil e exerce suas atividades profissionais em Belém. Em 2010 iniciou o estudo da Doutrina Espírita e desenvolvimento da mediunidade no Centro Espírita Yvon Costa, no qual exerce suas atividades mediúnicas até os dias de hoje.
VÍCIOS TERRENOS
Seu primeiro livro, “Luzes no passado”, foi publicado em 2016 e foi parceiro do “Leituras Plus”. Hoje continua a publicar romances psicografados narrados pelo espírito Rita de Cássia. E, por aqui, é a vez de dialogarmos com o romance “Vícios Terrenos”, seu trabalho autoral de 2018.
“[…] Jairo, o rico, desprezou como todos os outros o preceitos virtuosos da união. Levou uma vida desregrada até entender que sem o princípio básico do amor não conseguiria atingir a sublimação como indivíduo na caminhada a Deus […]” (p.11) – espírito Rita de Cássia
O livro conta a história de Jairo e começa com ele narrando a decepção que teve do amigo Laurent e um amor, Clarisse. Mas narra o ponto de vista dele e o motivo que ele considera a iniquidade desses companheiros.
A temática é interessante, explica sobre a poligamia e como a espiritualidade vê esse tipo de comportamento. Jairo é um personagem galanteador e que acha que seu comportamento é normal.
Porém, logo no início da obra, o leitor já depara com algumas explicações. A proposta do Cláudio ou do espírito Rita de Cássia é narrar a história e, em seguida, no mesmo capítulo, mas em pontos diferentes, explanar como a espiritualidade vê e analisa o comportamento daquela cena ou do personagem específico.
Por esse estilo de narrativa, o livro tem um gancho interessante de acompanhar, pois, mesmo o leitor afastado dos conhecimentos da doutrina, consegue compreender as leis básicas do universo e da vida. Enfim, as leis de Deus!
“[…] É necessário ao sonhador saber discernir o que é fantasia da realidade, conhecendo a si mesmo e seus complexos […]” (p.55)
A história de Jairo se passa na época de Napoleão Bonaparte e tem o seu passado narrado em outra era, ou seja, volta e meia a narrativa retorna à vida passada de Jairo ou de outro personagem paralelo, para explicar o motivo daquele fato e comportamento.
Por mais que seja contextualizada em uma época muito distante, a história continua muito atual com alguns comportamentos que ainda presenciamos neste século de vivência.
Os personagens centrais são Jairo, Laurant, Clarisse, Carmina e até então a misteriosa esposa, Anriet.
Existem vários outros comportamentos errados nos personagens, vários outros vícios terrenos, que vão muito além de um triângulo amoroso, proposta central da obra e muito debate sobre o poder do livre-arbítrio.
Aliás, este é outro ponto interessante da doutrina. Para a espiritualidade, mesmo que o ser humano tenha comportamentos inadequados, não serão eles a obrigar escolher a opção correta. Em vários momentos identificamos na leitura que a decisão é individual. O máximo que a espiritualidade propõe é dar os sinais, mas a escolha é totalmente individual e livre.
É por isso que os espíritas estudam a reencarnação, para evoluirmos com as nossas escolhas, livres. Pois somos livres, mas para a liberdade exige consequências.
A obra é uma verdadeira joia filosófica sobre a vida e os nossos trilhos. Cláudio tem uma escrita apropriada, instruída pelo espírito Rita de Cássia, com elementos narrativos pontuais, de maneira que consegue passar ensinamentos e conhecimentos sem extremos. Construindo uma história delicada em uma narrativa assertiva, com simples viés de narrar as consequências das escolhas de cada personagem.
“[…] Durante as minhas andanças, nesses tempos, percebi que nada muda se o nosso coração não mudar; que a solidariedade não se faz presente se não formos solidários; que o amor ao próximo não existirá se não amarmos nós mesmos na mesma medida em que possamos dar o amor. Este lugar interior só chegará se formos em busca de luz e harmonia […]” (p.272)
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“São pequenos atos de solidariedade que fazem a diferença”
É a literatura unindo força para o bem do próximo.
Por Patricia Brito
Biógrafa e escritora ficcional da Academia Teixeirense de Letras.
Estudiosa da literatura e apaixonada por escrever ensaios e artigos literário.
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